Já tentaram me fazer de santo, mas eu não sabia rezar a cartilha que mandavam.
Já me fizeram pecador, mas eu não conseguia sequer furtar pensamentos alheios, quanto mais confessar crimes que não cometera para uma falsa graça.
Já me disseram idiota e lhes dei razão, por me reconhecerem um igual.
Já me exaltaram salvador, mas fui covarde e fugi do martírio antes que o primeiro prego fosse batido na tampa de meu suposto caixão.
Já me deram por morto, mas eu, vivo, me fingi de tolo e desapareci pelo mundo afora.
Já me anunciaram medroso, apenas por não ter matado aquele que me tiraria a vida sem pensar e por ter concedido o perdão aos que me lincharam moralmente enquanto vomitavam suas torpezas como se minhas fossem.
Já me disseram mulher, sem que eu fosse homem.
Já me disseram menino, quando ainda era velho.
Já me acusaram outro, enquanto não passava do mesmo de sempre.
Já me fizeram acreditar em mim e duvidar da crença dos outros nas minhas capacidades.
Já me fizeram duvidar que os outros eram capazes de reconhecer os meus fracassos.
Já me desmontaram em mil pedaços para encontrar coesão, mas não descobriram a menor menção de coerência em minha existência.
Já me fizeram mil perguntas - e eu lhes dei tudo o que tinha, exceto as respostas, que não eram minhas.
Blog deste escritor que vos fala. Conheçam meus contos, textos e jeito de pensar. Contos publicados em: Tomos Fantásticos I (9Bravos) Espada & Feitiçaria II (Ed. Buriti) Mitografias I (Ignis - Ed. Penumbra) Mitografias III (site Mitografias)
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Volta ao lar
Ia andando, caminhando sem um rumo, desesperado por um
recomeço. Sua vida, antes tão cheia de alegrias, se apagara em tristeza. Seus
traços, marcantes, eram agora nada, como se seu destino se tornasse incerto por
sua fuga.
Percebia a atração irresistível e sabia que o inevitável
acontecia. De mansinho, sem pretensões, sem saber quanto tempo iria durar, foi
se aproximando mais uma vez daquele lugar que, mais do que tristezas, havia lhe
dado muitas alegrias.
Atravessou o umbral, tirou o fardo dos ombros e deixou o
peso das incertezas para trás. Sabia, em seu íntimo, que seria recebido com
alegria uma vez mais. O pródigo completava sua volta ao lar.
É isso aí, pessoal! Depois de tanto tempo sem postar, deixando o blog às moscas e às teias de
aranha, resolvi voltar antes que o monstro da inércia terminasse sua digestão e
me fizesse vítima de seus caprichos. Sim, aqui estou e, embora não vá postar
com muita regularidade, volto mais uma vez a este espaço. Espero ser bem-vindo.
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