quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Ermitão

Não sei se isso já aconteceu com vocês, de receberem uma conta indevida, uma multa que não tinha nada a ver, ou terem de pagar por algo que nunca consumiram? Comigo, já.


O Ermitão
Bruno Leandro

O ermitão estava dormindo, quando ouviu barulhos estranhos: toc, toc, toc. Alguém batia à porta de sua caverna. Ainda sonolento, e sem entender por que alguém estaria batendo, ele, que vivia isolado do mundo, foi para a entrada da caverna. O que viu o intrigou: havia um homem razoavelmente bem-vestido à sua frente, com papéis em sua mão e um sorriso estranho no rosto.
– Bom dia, meu senhor! – disse o homem – Estou aqui para entregar ao senhor esta guia de recolhimento de impostos.
– Impostos? Mas do que é que você está falando? – perguntou o eremita.
– Bem é que, como o senhor sabe, com o objetivo de trazermos melhorias para a vida de nossos cidadãos, todos devem fazer sua parte. No caso da população, isso significa pagar impostos, para que melhoremos o lugar onde vivem, educação, saúde, geração de empregos e etc.
– Mas deve haver um engano, eu moro em uma caverna, longe de tudo, da civilização e de outras pessoas!
– Sim, mas isso não é desculpa para não cumprir com suas obrigações, meu senhor. Tome, receba aqui o seu talão de impostos.
Vendo que o outro não iria desistir, o ermitão perguntou, desconfiado:
– E este talão aqui é de quê?
– IPTU.
– Como assim, IPTU? Eu moro em uma caverna, o governo não me deu nada! Eu moro em um buraco! – exaltou-se o homem.
– Verdade, mas o senhor não tem moradia assegurada? Não tem um lugar para viver? Então, o IPTU é cobrado de todas as pessoas que têm moradia.
O eremita ficou sem palavras, mas tomou um susto com a cobrança seguinte e recuperou sua voz:
– Conta de água e saneamento básico? Eu não tenho água encanada na caverna, não!
– Detalhes, detalhes. O senhor não toma banho em um rio? Não bebe sua água dele?
– Sim, mas...
– Não faz suas necessidades no mato, não cobre seus dejetos com terra?
– Verdade, mas é que...
– Está vendo? Logo, o senhor tem acesso a água e a saneamento básico. Tem que pagar a conta.
O pobre homem estava começando a ter vontade de chorar. E isso só piorou ainda mais ao ver a conta seguinte.
– Como assim, conta de luz? A caverna onde eu moro é escura, lá não entra a luz do sol e eu tenho que acender velas, se preciso fazer alguma coisa!
– Mas o senhor mesmo já está dizendo: o senhor tem velas. Velas geram luz, logo o senhor tem, sim, luz. E precisa pagar a conta.
– Isso só pode ser brincadeira.
– De maneira alguma, isso é muito sério. Mas, anime-se! O senhor não tem veículos, então não terá IPVA cobrado.
– Menos mal.
– Em compensação... Bem, não pude deixar de reparar na trilha que liga a cidade à sua caverna, passando pela mata. Creio que teremos que cobrar pedágio pelo uso da estrada.
– Pedágio pra andar a pé?!
– Pedágio para usar a estrada, não importam os meios. O senhor sabe como é, nos não podemos deixar que uns sejam mais privilegiados que os outros, todos têm que cumprir suas obrigações cíveis.
– Mas, desse jeito, daqui a pouco, vocês vão me cobrar pelo ar que respiro!
– Confesso que havia uma proposta tramitando no congresso, mas acabou sendo arquivada por desacordos quanto à forma de cobrança. Assim, o senhor pode se considerar um sortudo, não é mesmo?
Revoltado com o que ouvia, o ermitão não aguentou mais e, com raiva, jogou todas as contas no chão, gritando:
– Eu não vou pagar nada! Me recuso a pagar por esses serviços aos quais eu sequer tenho acesso!
O outro homem não perdeu a calma por um momento sequer, apenas suspirou, falando:
– Imaginei que algo assim pudesse acontecer. Se não há outro jeito, vamos ter que mandar prendê-lo. – ao dizer isso, ele fez um sinal e policiais saíram de trás das árvores onde estavam escondidos.
– Podem levar! – disse o homem – Ele se recusa a pagar as contas, então vamos ter que prendê-lo. É triste, mas é a lei.
– Não, esperem! Que absurdo é esse? Isso é um abuso! Me soltem! – reclamou o pobre ermitão, sem sucesso, já que foi levado algemado e enfiado à força, não sem alguma truculência, dentro de uma viatura que esperava a poucos metros de onde estavam.
Olhando entristecido a cena, o cobrador de impostos suspirou mais uma vez e disse:
– É incrível como as pessoas não gostam de cumprir com suas obrigações cíveis, mesmo depois de tudo o que fazermos por elas... – e, sem mais, seguiu os policiais, satisfeito por ter cumprido o seu dever.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Influências das Crônicas Arturianas em "O Senhor dos Anéis".


Esta é para quem viu ou leu "O Senhor dos Anéis".

Le Morte D'Arthur - a mão no lago
Eu nunca havia reparado nisso, mas será que alguém aí percebeu que, em muitos pontos, essa história é bastante parecida com a velha história do rei Arthur? Vou dar alguns exemplos, pois eu ainda não li muito sobre isso, mas, tendo lido algumas partes do livro Le Morte D'Arthur, percebi que os finais são razoavelmente parecidos.

Exemplo? Quando o rei Arthur está para morrer, ele pede a um de seus comandados que jogue sua espada em um lago. O homem hesita por duas vezes, mas, na terceira, acaba fazendo o que seu senhor comanda. Do lago sai uma mão que pega no ar a espada e a brande três vezes, mergulhando com ela em seguida. Em "O Senhor dos Anéis", quando Frodo briga com Golum pelo Um Anel, Golum arranca o dedo de Frodo e cai em um poço de lava. O anel cai depois dele e, antes de afundar, surge apenas a mão de Golum, que o segura no ar antes de afundar. Sei que parece forçação de barra, mas tem mais uma:

O Senhor dos Anéis - a mão de Golum
Em "Le Morte D'Arthur", quando se prepara para morrer, Rei Arthur se dirige a uma barca mística, que o levará a um país estranho e misterioso, Avalon, a origem de tudo e a ilha da magia. Um país onde poucos são os que podem entrar. Lembra algo? Se não, vou refrescar a memória: Galdalf, Bilbo e Frodo, ao final da jornada em "O Retorno do Rei" sobem em uma barca que os levará a uma terra estranha e misteriosa, o país dos elfos, a origem de tudo e a terra da magia. Refrescou a memória? Pois é, essas são apenas algumas das "coincidências" entre as histórias, ou alguém aí seria capaz de negar que a "Sociedade do Anel" lembra, e muito, a Távola Redonda, uma confraria de cavaleiros que deveriam se respeitar e amar como irmãos e proteger uns aos outros com sua vida?
A barca misteriosa de Artur

Tolkien foi uma pessoa muito inteligente ao contar sua história alterando a lenda de Rei Arthur para caber em seus propósitos. E o fez muito bem, tanto que nós, da era atual, não imaginamos que ele recorreu ao passado para contar as histórias de sua Terra Média. Um passado que, apesar de fantasioso, foi real, pois foi criado por alguém antes dele.

Se estou acusando Tolkien de plágio? De forma alguma! Apenas estou fazendo um paralelo, pois acho que é sempre válido e interessante imaginarmos de onde a história pode ter surgido.

A barca élfica de Frodo
Espero que tenham achado interessante. Fiquei fascinado quando estabelecei esse paralelo, que para mim fez todo o sentido do mundo. E vocês, o que acham? Concordam? Discordam?

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Resenhando...

Normalmente eu não sou muito de resenhar livros, mas resolvi abrir uma exceção e resenhar este primeiro livro que li no ano. O livro é "O Espetáculo de Grimnlaud", de L. M. Carvalho, assinatura de Lucas Carvalho, autor nacional que publicou seu livro pela editora Canápe e o lançou na Bienal do Livro do ano passado, aqui no Rio de Janeiro.
Mas, vamos começar falando do que trata o livro, não é mesmo?


Sinopse - O Espetáculo de Grimnlaud - Lucas Monteiro Carvalho

Que as cortinas se abram e o maior espetáculo já visto se inicie! Durante um grandioso jantar em Asgard, um indivíduo poderoso e misterioso surge entre os deuses, apresentando-se como Grimnlaud, o deus de todo jogo, brincadeira e diversão. Os outros deuses ficam impressionados com seu carisma e ousadia, mas exigem uma amostra de seus poderes: se Grimnlaud conseguir diverti-los, será aceito entre eles; caso contrário, será decapitado e lançado nas terras incandescentes de Musphelheim. Assim se inicia seu grandioso espetáculo, onde dez mortais de Midgard são presenteados com moedas de ouro, e, a partir de então, devem se aventurar em busca das outras dez moedas espalhadas pelo fantástico mundo, visando as maravilhosas recompensas prometidas

Sinopse retirada de: http://www.skoob.com.br/livro/191422

Agora, minha resenha sobre o livro:

O livro de Lucas Carvalho tem uma narrativa ágil, quase cinematográfica, o que acaba por torná-lo muito interessante.
Uma coisa que me impressionou muito foi o fato do livro contar com cerca de 11 protagonistas (Digo cerca de, porque tudo muda e novos personagens secunários se tornam protagonistas, além de alguns protagonistas acabarem tendo mais destaque que outros). O autor consegue fazer uma história em que todos os personagens são muito bem aproveitados e, embora não se aproxime muito nas motivações de cada um pela busca que empreendem, o momento presente é muito bem colocado.
Outra coisa de que gostei muito foram os elementos de jogo de RPG que são claramente colocados na história: poções de mana, stamina, cura, etc. Para aqueles que, como eu, gostam de jogos de RPG para videogames ou PC, como Diablo e afins, esse se provou um ponto muito legal na história.
O desenrolar da trama também é bom e prende bastante. Confesso que não gostei de alguns cortes bruscos no cenário, algumas cenas eram curtas demais, mas, no geral, contribuiram para que a história ficasse dinâmica e para que todos os personagens tivessem igual oportunidade de aparecerem.
Quanto às críticas, creio que o texto precise ser revisado novamente, pois alguns erros na escritas precisam ser consertados. Não atrapalham o entendimento geral (na maioria das vezes), mas esteticamente o livro perde com isso.
Confesso que o final não me agradou, deixou coisas em aberto e eu imaginava que as coisas seriam solucionadas de outra forma, então essa parte não me agradou muito. Está bem escrita, mas não do jeito que eu faria. Mas, bem, eu não sou o autor, e talvez esteja sendo crítico demais. Só lendo pra ter certeza.
Enfim, muito bom livro, que me surpreendeu bastante e não deve nada para autores estrangeiros, sendo melhor do que muitos que li ultimamente.
Recomendo a todos que gostem de fantasia, aventura, elementos de RPG e tramas cheias de reviravoltas.

Eu dou 4 estrelas para o livro: a história é boa, ágil, mas não gostei muito do final, além disso, tem as falhas de revisão que eu já falei.

Vejam abaixo o booktrailer do livro:

domingo, 1 de janeiro de 2012

Minhas expectativas para este ano que se inicia

ou:

O que eu desejo para 2012?


Fala, galera! Tudo bom com vocês? Comigo está tudo ótimo.

Então, 2011 foi um ano curioso, de muitas transformações positivas na minha vida. Estou engatinhando com muitos projetos novos, arranjei um estágio muito legal e com pessoas ótimas, onde todos se tratam muito bem, independentemente de suas posições hierárquicas, e estou muito feliz lá. Espero que 2012 seja ainda melhor.

Na faculdade, eu também não poderia estar melhor: notas todas acima de 9,00, CR alto (O que, em se tratando de UERJ, é necessário pra caramba, pois preciso das notas pra conseguir vagas em turmas e coisas do tipo). Espero continuar assim.

Na família, o ano foi relativamente tranquilo. Tivemos alguns problemas, mas nada que me arrancasse os cabelos. E que 2012 seja melhor.

Nas amizades, eu conheci pessoas maravilhosas e de quem gostei muito, assim como reencontrei alguns velhos amigos e não consegui reestabelecer contato com outros, mas essa é a vida e é assim que temos que encará-la. Em 2012, espero conhecer mais pessoas maravilhosas.

Dinheiro? É, essa foi a parte chata, mas, se não estou nadando em diamantes, também não estou no sufoco, o que já é ótimo, diga-se de passagem. Claro que eu quero mais em 2012, rs.

Agora, quanto às realizações pessoais, ah, essas sim, estão se encaminhando para melhor. E é nessa área que estão minhas maiores espectativas. Vejam bem, eu comecei 2011 com baixas espectativas em relação à publicação de um livro que estou escrevendo. Aliás, comecei este blog como um hobby, enquanto não publico o meu livro, e porque tinha muito material engavetado. No fim das contas, a internet é pra isso, não é? Para publicarmos nosso trabalho e lançarmos mão do que for possível para anunciá-lo e divulgá-lo. Até ressuscitei meu Twitter e fiz uma conta de Facebook. (Mentira, eu fiz essas coisas porque adoro interagir com pessoas, mesmo que virtualmente.) Mas, voltando às minhas expectativas...

Este ano eu tive muito contato com pessoas que, direta ou indiretamente, trabalham com literatura (não, não fiz contatos, mas creio ter feito alguns amigos e conhecidos, o que é ainda melhor) e isso me tem feito abrir os olhos. Por causa desses contatos, eu tenho tido cada vez mais vontade de publicar o meu livro e, por causa disso, comecei a trabalhar nele como um louco (dentro do possível, quando não tinha provas para a faculdade) e concluí o primeiro rascunho. Vejam bem, não é o livro, é o rascunho dele, mas isso é muito importante. Por quê? Porque tenho agora um projeto real em mãos, algo para ser editado e finalizado e, se tudo der certo, publicado com direito a noite de autógrafos e tudo mais (sim, eu quero uma noite de autógrafos e acho que todos os escritores também devam querer, afinal, isso é a confirmação física, digamos assim, de que você chegou até ali. É só o primeiro passo, no entanto, de lutar para que seu livro consiga boas vendas, mas é um passo muito importante que mostra que você conseguiu). Então, minhas expectativas em relação às minhas realizações pessoais para 2012 são principalmente as de terminar meu livro (edição, revisão e tudo o mais) e caçar uma editora para ela. Se tudo der mais certo, ainda, eu terei um livro publicado até o fim do ano. Se a minha sorte for muito grande, até durante o primeiro semestre (bom, essa parte é delírio, deixa quieto).

É claro que tenho várias outras expectativas para 2012, mas são de longa data (dinheiro, sair de casa, etc), mas a expectativa de ter um livro publicado é nova e muito, muito, atraente.

Bom, gente, eu tenho que produzir um livro e curtir o iniciozinho do ano, então vou abandoná-los um pouco. Prometo que volto logo com novidades e com explicações sobre o livro. Afinal, a pessoa entra aqui pra ler um conto e, do nada, descobre que eu estou escrevendo um livro (Ele está escrevendo um livro? Sério? Caramba, que novidade é essa, agora?). Enfim, prometo dar novidades sobre o livro, título, do que se trata, de onde tirei a ideia para ele (sim, existe uma história por trás da história) e etc. Mas, vamos deixar isso para outro dia.

Por enquanto, o que quero é deixar para vocês o meu muito obrigado por terem vindo ao meu blog e participado dele, seja visitando, comentando, ou  passando rápido sem olhar para trás, rs. espero continuar com essa parceria gostosa no ano de 20132. Essa também é uma das minha maiores expectativas. Essa, e que o blog cresça cada vez mais e mais!

Abraços, meu povo, e um Feliz 2012, que começa agora!

Feliz 2012!

Sim, deu preguiça de fazer algo melhor, mas é de coração.
Feliz 2012, Galera!
E que o novo ano seja de muita paz, saúde, alegria, harmonia e, sim, dinheiro, porque nós precisamos!