quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Assassinato do Português

Juro que não sou purista, mas tem horas em que dá vontade de ser... 

O Assassinato do Português.
Bruno Leandro

Não, esta não é mais uma piada de português. Aliás, nem uma notícia jornalística nem nada do tipo. Este é mais um dos meus textos-comentários sobre coisas que me deixam pasmo.

Ultimamente eu tenho percebido nas redes sociais uma crescente utilização de erros absurdos de português na rede. Aliás, antes de entrar nesse assunto, quero dizer que não sou purista da língua, não acho que o único português que vale a pena é o da “norma culta” (chamada de padrão, pelos linguistas) e não sou do tipo que enfia o dedo na cara dos outros apontando os erros que eles comentem. Errar é humano e eu erro muito, assim como qualquer pessoa que escreva em um computador com correção ortográfica. No entanto, eu me policio, evitando meus erros e tentando melhorar. E não tem sido isso que tenho visto na internet nos últimos tempos.

Erros são muito comuns, até demais. Na internet tem surgido o tiopês, cujo objetivo é escrever errado de propósito, mas seguindo uma lógica, na qual finais de palavras e sufixos são substituídos por outros, mas sempre com coerência. Assim, um “corram” vira “corrão”, um “foram”, vira “forão” e por aí vai, só para citar um exemplo. Sinceramente? Eu não me incomodo nem um pouquinho com o tiopês, pois você tem que saber muito bem o português para usar o tiopês corretamente, já que ele tem regras. Aliás, eu também não me incomodo tanto assim com os erros que as pessoas cometem quando escrevem rápido (erros de digitação), ou quando não sabem mesmo o que escrevem e se confundem. Como eu já disse, não sou de apontar para o nariz de ninguém e dizer: “Você está errado!”. Até tento corrigir, mas de maneira educada, se a pessoa foi educada, também. Do que eu estou reclamando, então? Dos “defensores do erro”.

Como assim, Bruno Leandro, “defensores do erro”? Bem, alguém aí já viu um post com erros ortográficos? Eu já, aliás, vários. Talvez eu mesmo tenha alguns aqui no blog. Se alguém vir, é só me avisar que eu corrijo na hora e, humildemente, vou agradecer pelo toque. Em blogs de opinião, de contos ou jornalísticos, o padrão costuma ser o de agradecimento. Porém, enquanto isso, nos blogs de humor...

Você já corrigiu algum erro em posts de blogs de humor? Já disse que alguma palavra estava errada, querendo ajudar o dono do blog para que o erro não ficasse evidente. Ou, sei lá, de repente, fez isso com a intenção de criticar, mesmo? Eu nunca, mas cansei de ver isso nesses blogs. Pessoas que, por qual seja a razão, corrigem o que está escrito. Às vezes o dono do blog se manifesta sobre o erro, às vezes não. Às vezes eles corrige, às vezes não. Porém, o problema são alguns (ou vários) dos visitantes que, por alguma razão que desconheço usam a seguinte frase pronta: “o blog é de humor, não é aula de português” ou a outra: “pra ficar corrigindo o post do blog, com certeza não tem amigos”. Ou seja, o que essas pessoas querem dizer é que você é um infeliz que não tem amigos e que erro de português em blog de humor tem que ser desconsiderado justamente porque o blog é de humor. Nossa, fiquei impressionado com tamanha sagacidade (ou falta de), melhor dizendo com tamanha pequenez de pessoas tão tacanhas que julgam os outros (sim, também estou julgando, antes que me digam isso) por umas poucas palavras e por terem corrigido algo que, obviamente, estava errado.

Sabem o que me incomoda? É que tais “defensores do erro” vão se multiplicando, espalhando pelas redes sociais, pela internet, e logo vão escapar para o mundo real. Erro na fala é até algo relativo, mas erro na escrita não é. Ele existe e precisa ser corrigido. Imaginem que cada pessoa escreva a mesma palavra de maneiras diferentes. Uma coloca o x, a outra o s, a outra o ss, uma quarta o ç, há ainda uma que coloca o c e, pode acontecer, uma última que coloque o ch ou o z. O e é substituído pelo i, o o pelo u e por aí vai. Onde isso vai parar? Não sei, e isso me assusta. Sem unidade na escrita é impossível nos entendermos, mas, de novo, não é esse o meu ponto.

Meu ponto é o seguinte: erros existem, todos erramos, não há nada de mal em errar. Mas, os erros existem para serem corrigidos, pois é corrigindo os erros que aprendemos e crescemos. Se, como dizem, errar é humano e persistir no erro é burrice, o que, então, significa defender o erro? O assassinato de português não é notícia, mas poderia ser. Também não é piada, apesar de que alguns desejem que seja...

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