terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ser Homem

O que é ser homem? Muito se discute sobre isso e, além de algumas ideias pré-concebidas e estereotipadas, não existe uma definição oficial. Eu resolvi pensar sobre isso e cheguei à seguinte conclusão:


Os Sofrimentos de um Homem
Bruno Leandro

Homem sofre. Não, não estou falando isso de brincadeira. É verdade, sim. As mulheres pensam que são as únicas afetadas pelos padrões da sociedade atual, mas estão enganadas. Querem um exemplo? Meninos não choram, homens não choram.
Se um homem se sente triste, vamos beber pra espantar a tristeza. Se chora, é “sensível” (leia-se gay, no sentido pejorativo e preconceituoso da palavra). Ai do homem que soltar uma lágrima no lugar de um palavrão. Os que não forem próximos a ele vão debochar de seu sofrimento o quanto puderem. Na verdade, até alguns dos que não são tão próximos. Aliás, isso me leva a outro ponto: homem tem que ser macho!
Homem não leva desaforo para casa, tem que falar grosso, coçar o saco, cuspir no chão (se for um escarro conta pontos no quesito macheza) e olhar bunda e peito. Rosto pode, mas só pra confirmar se a gostosa não é baranga ou mocreia. Aliás, mulher não pode ser chamada de “bonita”, “linda”, tem que ser “gostosa”, porque homem que chama uma mulher de linda e não de “gata”, já sabem o que é, não é?
Homem tem que olhar a mulher como objeto sexual. Não é homem se não o fizer. Homem tem que saber um repertório de cantadas grosseiras. Homem que é homem tem que ter pegada. Homem tem que isso, homem tem que aquilo, homem tem que aquilo outro...
O que homem não pode ser? Sensível, carinhoso, desprendido, romântico. O momento é das montanhas de músculos suadas e taradas da academia mais próxima. Mulheres dizem que querem homens sensíveis, mas, ficam com os cafajestes.
Eu fico pensando... Será que realmente tudo isso aí em cima define um homem? A sociedade acha que sim. Eu acho que não. Quer dizer, acho que só isso não.
Acho que não existe uma fórmula perfeita para a masculinidade. Digo, não se pode colocar uma xícara de testosterona aqui, uma pitada de machismo ali ou cinco colheres disso, daquilo ou daquilo outro acolá. Não existe essa de “homem de verdade”. Cada um de nós é único, assim como o são cada uma das mulheres. As mulheres reclamam de não serem só corpo e atitudes, clamam serem diferentes. Porém, quando falam mal de suas desilusões amorosas,o bordão inevitável aparece: “homem é tudo igual”. Somos? Somos todos cafajestes, ou temos que ser? Somos todos montanhas de músculos? (Aliás, nada contra, acho que se cuidar e ter um corpo legal faz muito bem à saúde, mas não é o ponto aqui.) Somos todos rudes, grosseiros e uns mal-educados que pegam todas e que traem porque podem? Acredito que não.
Bem, isto aqui não é um manifesto, não é sequer um protesto em prol de que nos vejam de maneira diversa. É, antes, não uma justificativa, mas uma explicação para o título da postagem. Homem sofre se não se adéqua aos parâmetros pré-estabelecido. Contudo, sofre calado. Afinal, homem não chora, não é mesmo?

5 comentários:

  1. Isso é horrível mesmo, cara. Tem mto preconceito tbm no mundo masculino, detesto isso. Tem tantos homens legais que procuram mulheres também legais, e o único relacionamento que conseguem com elas é o Friendzone, porque a tal mulher só olha os galinhas.

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    1. Pois é, Rafaela. Infelizmente, a sociedade decide quais serão os papeis do homem e da mulher mesmo antes de nascermos. Por conta disso, ficamos em uma padrão de que se o cara não for o "galinha" e "machão", ele não é homem. E são esses de quem algumas mulheres correm atrás, depois dizendo que nunca encontram um cara legal. (Vai ver que é porque não procuram, não é mesmo?)

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  2. Bruno, vou dar o meu pitaco aqui, ok?
    Bom, em primeiro lugar acho que todos estamos suscetíveis a esse tipo de rotulação. A sociedade (leia-se aí nós) precisa de termos/padrões pré-moldados/expectativas para se afirmar e portanto projeta isso em todos nós. Então acho que os dois lados da dicotomia homem/mulher sofrem com essas ideias pré-concebidas, assim como quaisquer aspectos do 'ser humano'. Então, existe um conjunto de expectativas para o filho, o pai, o namorado, o marido, o amante, o amigo etc etc etc.

    No entanto, acho sim que falta à classe masculina uma noção de classe, de pertencimento. As mulheres tiveram o movimento feminista, no qual puderam (e até hoje podem) questionar certos padrões pré-designados para elas. Nós homens, no entanto, não pudemos dar esse grito, não fomos às ruas queimar cuecas, bolas de futebol, latinhas de cerveja e mais meia dúzia de artigos estereotipados que fabricaram para nós. Mas sinceramente acho que isso está mudando. Homens sensíveis são valorizados sim. Muitas mulheres buscam isso hoje em dia. O homem pós-moderno está em crise. Porque se por um lado ele é criado para ser provedor/copulador/macho alfa/etc, por outro ele também quer se sensibilizar, quer cuidar da pele, do cabelo, quer ser vaidoso e educado e isso já é um valor, ao meu ver. Então não ficaria admirado se em alguns anos ou décadas visse aparacer diante dos meus olhos o movimento 'masculinista'. Será fabuloso!

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    1. Pois é, Mauro.
      Primeiramente, sinta-se bem-vindo a dar quantos "pitacos" quiser. É uma honra ver seu comentário aqui.
      Quanto à questão exposta, sei que a sociedade está mudando (uma viva para a gente, hehe), mas é fato que há ainda um estranhamento e, como tal, um estranhamento e uma quebra de tabus e estereótipos para os quais não estamos ainda preparados. No entanto...
      No entanto, acho que, apesar disso, mesmo que não tenhamos queimado cuecas ou suportes atléticos (se fôssemos americanos), nós homens modernos também estamos participando de uma mudança na sociedade. Na verdade, estamos sendo essa mudança. Um cara pode ser sensível às vezes (mas o momento não pode ser qualquer momento, não pode ser vendo "Marley e Eu", por exemplo) e tem que ser machão nos momentos certos (coçar o saco, cuspir no chão, mas nada de bater na esposa, apesar dos trogloditas de plantão apoiarem isso). O problema, na minha concepção, é quando querem nos empurrar uma "fórmula pronta" de sermos. É, correndo o risco de me repetir, dizer que menino não chora, não brinca de boneca e tem que falar grosso, se não, não é homem. Será que não?
      Quanto ao movimento "masculinista", seria curioso vê-lo. Vamos esperar e aguardar, não é? ;)

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  3. É, acho que cabe a nós, homens, rejeitar esses formatos.
    Se quiser coçar o saco, cocem-no, homens! Mas não porque isso os torna mais viris.
    No entanto, se isso dá uma sensação legal de masculinidade, porque não experimentá-la?
    Há espaço para tudo, se esse tudo for executado sem opressão.

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