quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dia das Bruxas, Dia do Saci... Faz alguma diferença?




Hoje as redes sociais (americanas, mas usadas por brasileiros) estão em uma guerra nacionalista. Algo simples, do tipo: Viva a cultura nacional! Halloween é coisa do demo! Morram, seus americanos idiotas! (Ainda não, mas está quase chegando a isto.) Ok, mas, fiquem tranqüilos, que é só por hoje. Afinal, no fim do dia ainda estaremos navegando na nossa Internet, alguns de nós utilizando roteadores wireless, enquanto digitam em seus notebooks ou laptops. Em alguns casos, nos tablets, é claro. Muitas pessoas irão comprar ingressos para assistir a shows dos seus ídolos e ouvirão músicas em seus MP3s, assistirão a vídeos em seus DVD Players ou irão ao cinema assistir a um pipocão. Não sabe o que é isso? Mas aposto que conhece a palavra blockbuster, ou vai dizer que não?
O ponto em questão é bem simples: se queremos cultura nacional, se o que vem de fora não presta, não deveríamos sequer ouvir músicas estrangeiras ou ver filmes americanos (ou europeus, mas, estes, pouca gente assiste, mesmo). E isso deveria ser o ano todo, não em uma data específica.
Fizeram em 2003 um projeto de lei que cria o Dia do Saci, uma data que visa resgatar a cultura nacional. Sinceramente? Achei muito legal! Afinal, a grande verdade é que nossa cultura nacional está mesmo meio largada de lado. Isso quer dizer que sou contra o Halloween? De jeito nenhum? É engraçado ver gente se fantasiando e indo a festas de fantasia, como se fosse um Carnaval fora de época. E por que não? Acho que o mais importante e se divertir.
Só pra explicar: sou contra o Dia das Bruxas? Não? Sou contra o Dia do Saci? De jeito nenhum! Mas, cá entre nós, alguém realmente acha que o Saci, o lobisomem e a Iara nasceram no Brasil? O saci é uma adaptação do Barrete Vermelho, um monstro mais cruel e bem menos simpático ou travesso que o nosso. O lobisomem, bem, deste nem preciso dizer nada. E a Iara, então? Sereias, alguém? Enfim, o que quero dizer é que nossa cultura nacional original é só a indígena, então acho que, mesmo o Dia do Saci não é tão nacionalista assim. Porém, como nos apropriamos dessa figurinha tão carismática (mas só graças ao Monteiro Lobato), acho que está valendo.
No mais, estou com preguiça de defender algo que não precisa de defesa. Afinal, como eu já disse, amanhã estaremos todos pegando gelo em nossos freezers para colocar em nossos drinks pelo Brasil afora, não é mesmo? Quer dizer, exceto eu, já que não bebo álcool.   ;)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ah, essas mulheres...

Ah, as mulheres... como às vezes elas são difíceis de entender, não? Aliás, como já dizem: só uma mulher para entender outra mulher, não é mesmo?


Briga de Casal
Bruno Leandro


– A questão não é essa!

– Então, qual é a questão?

– A questão é... a questão é... oras, você sabe!

– Não, não sei, não. Você está me enrolando há exata meia-hora, sem querer me dizer por que diabos não quer sair no fim-de-semana. Isso depois de ter feito eu trocar o turno na fábrica e ser obrigado a compensar no domingo!

– Tá vendo? É por isso que eu não queria falar nada contigo. Sabia que ia me jogar na cara depois.

– Mas eu não estou jogando nada na cara, criatura! Eu só quero saber o que aconteceu!

– Não grita comigo!

– Não estou gritando coisa nenhuma. E para de mudar de assunto, que eu sei que você só quer é desviar a minha atenção. Me diz logo o que está te impedindo de ir comigo. É outro cara, é isso?

– Claro que não! Que ideia! De onde foi que você tirou uma coisa dessas? Tá achando que eu sou o quê?

– Bom, você fica me enrolando aí...

– Ok, vou falar o que aconteceu. Bem, é que, sabe as meninas?

– Sim, suas amigas. O que têm elas?

– Então, é que elas queriam muito ir ao shopping e eu juro que tentei falar que não dava, que ia me encontrar com você, mas eu não consegui. E você sabe como é a Claudinha, que não sossega enquanto eu não faço as vontades dela e...

– Tá, tá, tá. Eu já entendi. Mas, sério, mesmo, que você vai deixar de sair comigo por causa das tontas das suas amigas?

– Ai, amor, não fala assim... as meninas são ótimas e foi só um deslize, puxa! Além disso, você pode ir com a gente.

– Ir com vocês? Tá louca? Se eu for com vocês, vai ser melhor dar um tiro na cabeça antes, porque eu vou ter que esperar horas pra vocês decidirem qual sapato combina mais com qual bolsa, qual o vestido mais in e o mais out e todas essas coisas que as mulheres falam e que eu não dou a mínima.

– Também não precisa ser grosso, seu, seu... insensível!

– Não, ei, amor, calma aí. Desculpa, eu não medi minhas palavras, mas não precisa chorar. Me desculpa, tá legal?

– Não sei, vou pensar, snif.

– Vamos fazer assim eu vou com você, então, que tal? Ainda aproveito e compro alguma coisa legal para minha gatinha linda, pode ser?

– Aí, amor, você é o máximo! Eu não sei o que seria de mim sem um cara tão legal quanto você na minha vida!

– Bem, amor, eu vou indo, pois tenho que trabalhar cedo amanhã. Nos vemos no sábado?

– Sim, até sábado, amor.

– Até mais, beijão!

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– Alô, Claudinha? Claro que consegui, sua boba! Sim, ele vai levar a gente até o shopping. Hã? Carregar as compras? Claro! Afinal, por que você acha que eu estou levando meu namorado a tiracolo?

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Perdido

Às vezes, perdemos noção de quem somos ou daquilo que somos. Às vezes, o que nos resta é continuar em frente. Será que o "em frente" é sempre a melhor opção? O que fazer quando se está


Bruno Leandro

Eu me perdi. Será que alguém pode me ajudar a encontrar o caminho de volta? Acho que meu coração ficou cinco quadras atrás. Meu espírito se desencontrou de mim há dez anos. Minha coragem está desaparecendo aos poucos e meu cérebro ameaça fugir a qualquer momento. Eu me perdi de mim mesmo.

Qual a direção a tomar? Qual o caminho a seguir? Por que será que não consigo fazer as escolhas certas? Por que será que não consigo fazer as escolhas erradas? Por que será que sequer consigo fazer escolhas?

Um labirinto? Não, não acho que eu esteja em um labirinto. Na verdade, acho que eu sou meu próprio labirinto de emoções, confusões e sentimentos. Estou amarrado em mim mesmo, perdido, e sem saber para onde ir.

Acho que virei a esquina errada. Não sei se estou onde deveria estar. Não sei se sou quem deveria ser. Não sei se estou onde deveria ser ou se sou onde deveria estar. É tão estranho...

Está difícil de me achar. Parece que estou seguindo na direção errada, como se o errado fosse certo e o certo não existisse. Isso é tão engraçado, ainda que trágico!

Qual é o caminho a seguir a seguir? Qual é o caminho a seguir em seguida? Qual o caminho a ser seguido? Onde estão minhas opções? Por que não pareço ter opções.

Eu me perdi de mim mesmo. Meu cérebro escapou de mim. Minha coragem já desapareceu. Meu espírito está voltando aos poucos, mas ainda não é o suficiente. Acho que estou vendo meu coração cinco quadras à frente, mas tenho medo de buscá-lo, pois eu já me perdi há muito tempo e não sei como me achar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Camadas

A coisa mais engraçada do mundo é quando você perde contato com os amigos por um tempo. Depois, por um acidente da vida ou outro, você esbarra nesses mesmos amigos. E, surpresa, surpresa! A vida deles mudou completamente. Uns casaram, outros tiveram filhos, alguns se tornaram pessoas que você nem esperava que virariam (para o bem ou para o mal...). Teve gente que emagreceu, teve gente que engordou e alguns não estão mais entre nós. É nesse momento que você olha para trás, olha para si mesmo, olha para trás de novo e percebe o longo caminho que percorreu até aqui. E não só isso, você também percebe que, daquela criança pequena e inocente, que via o mundo como um grande parque de diversões, algumas camadas foram tiradas. Dentro delas, como se estivesse esperando para ser descoberto, estava o ser que você é hoje. E eu nem disse o mais assustador: que, dentro do ser que você é hoje, ainda existem novas camadas a serem retiradas, camadas, estas, que revelarão um novo você amanhã...