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Máscaras

A sociedade é feita de máscaras. Isso é um fato, não uma suposição. "Eu" sou uma pessoa em casa, outra no trabalho, ou ainda na faculdade e mais alguém com os amigos, dependendo de quais amigos sejam.
Pensando nisso, resolvi escrever este texto, que fala sobre como a sociedade nos vê e a obrigação que ela nos impõe. Aliás, como gosto de brincar com os amigos: "essa entidade chamada sociedade". Afinal, sempre que falamos da sociedade, parece que não fazemos parte dela, não é mesmo?
Bom, meus prefácios são tão grandes que eu corro o risco de escrever mais do que o meu texto, que foi mais pensado e planejado do que o que estou escrevendo aqui. (Ou será que não?).
Sem mais delongas, apresento:



Máscaras.
Bruno Leandro



Existia um homem que era chamado de "Eu". "Eu" andava para todos os lugares com o rosto descoberto. As pessoas achavam "Eu" estranho, pois todos usavam máscaras e não mostravam nunca seu verdadeiro rosto, suas máscaras sempre mostravam uma aparência externa que não era a sua. Então, vendo que não seria aceito, "Eu" decidiu que colocaria uma máscara e foi a uma loja comprar uma. A primeira que "Eu" viu e decidiu usar foi uma máscara colorida, alegre, alto-astral. Então "Eu" saiu na rua com essa máscara e todos começaram a olhar para "Eu" com mais naturalidade, aceitando "Eu" como parte daquela comunidade e sociedade. "Eu" então decidiu que iria usar outras máscaras e comprou várias: a do respeitável, a do esforçado, a do preocupado, a do bom-moço... enfim, "Eu" comprou tantas máscaras quantas pôde carregar. "Eu" sempre levava as máscaras consigo, para usar de acordo com a ocasião, mas era muito complicado carregar nos braços, pois eles ficavam ocupados demais e "Eu" não podia fazer outras coisas. "Eu" decidiu então colocar todas as máscaras de uma vez, mas tinha outro problema: as máscaras caíam e não encaixavam direito umas sobre as outras. Então "Eu" teve outra idéia: Iria colar as máscaras uma sobre as outras, com uma cola fraca, pra que pudesse, então, trocar de máscara sempre que quisesse e o mais rápido possível. Mas "Eu" pegou a cola errada, e as máscaras se grudaram umas às outras. E pior: Um pouco da cola escorreu e prendeu as máscaras ao seu rosto. "Eu" nunca mais poderia tirá-las! Então, "Eu" ficou desesperado e tentou arrancar as máscaras... bateu a cabeça na parede, enfiou unhas e dedos, sangrou por dentro... não adiantou muito. Mas o seguinte aconteceu: pedaços das máscaras caíram, de forma que acabou ficando um pedaço de cada uma das máscaras que "Eu" tinha posto. A situação, então, ficou pior. Agora "Eu" não tinha mais máscaras diferentes e, sim, uma única, um quebra-cabeça de todas as outras. E "Eu" nunca mais poderia tirá-las do rosto...

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