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Metamorfose

É engraçado como você fica dias buscando por um insight, uma inspiraçãozinha que seja e nada ocorre. Confesso que já estava ficando com vontade de escrever sobre a minha falta de inspiração, mas o fato é que eu estava sem inspiração até mesmo para isso. Acho que é por isso que estou com vontade de mudar a dinâmica do blog. Quer dizer, não só colocar meu blog como um blog de contos, mas também como um blog de assuntos gerais que me venham à cabeça, com tudo o que me der vontade. está ainda tudo muito no pensamento, mas vou organizar as ideias para ver no que dá...



Metamorfose
Bruno Leandro

Corpo estranho. Aparência esquisita. Repugnante. Espantava todos que lhe vissem, sem exceção. Sua feiura era grande, mas não se dava conta dela, por não saber olhar no espelho. Por não pensar em sua aparência, não sabia o que fazer para ter mais beleza perante os outros. Assim, fazia diferença por suas atitudes: estudava, trabalhava e se esforçava duro. Jogava limpo, não ofendia a ninguém e não havia a expressão “tirar vantagem” em seu dicionário. Buscava a paz e não fazia a guerra. Queria o bem de todos, até de quem não lhe desejasse o mesmo. Praticava boas ações e purificava-se por suas atitudes.
No início, as pessoas lhe ridicularizavam pela sua aparência grotesca. Não notava. Achavam que se fazia de superior e os preconceitos e xingamentos aumentavam. Não percebia.
Com o tempo, as pessoas foram cansando das tentativas de humilhação, que não surtiam efeito. Com o passar do tempo, as pessoas foram esquecendo seu ódio do diferente e passaram à indiferença do semelhante. Começaram a lhe dirigir a palavra. Respondia a todos com presteza, sempre se preocupando e ajudando a quem precisava. Começaram a lhe dar valor. No início pouco, bem pouco, é verdade. Mas, com o passar do tempo, cada vez mais, como se entendessem que sua missão de vida era especial, a mais especial de todas: trazer a felicidade à vida de todos. Com o tempo, começaram a lhe enxergar como um ser humano. Até que um dia.
Até que um dia, caiu doente. Caiu doente e não podia cuidar dos outros, mas os outros cuidaram de si. E os outros foram lhe visitar, foram lhe dar o conforto que dera a eles, foram lhe prestar as homenagens merecidas. Foi isso o que causou a metamorfose.
Aos olhos de todos, ali, bem ali na frente de todo mundo, uma transformação ocorreu, quando entenderam que não deveriam julgar ninguém, nunca, pela aparência; quando entenderam que melhor beleza era a interior, o renascimento se deu. Eles se assustaram, pois não conseguiam mais ver sua feiura. No lugar dela, apenas a beleza.
Finalmente saía do casulo e, aos olhos de todos, a horrenda lagarta se transformava em uma maravilhosa borboleta.

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