O Protesto de Cadeira
Bruno Leandro
Tem já um tempo que esse assunto fica me incomodando, mas eu não tinha ainda pensado em como abordar: é o protesto “de cadeira”. Tudo bem, mas o que seria isso?
O protesto “de cadeira” é um protesto virtual, pela internet, onde todos mandam seus nomes para uma causa qualquer e, sem sair de casa, acham que estão dando suas contribuições para um mundo melhor. A questão para mim é: será que esse tipo de protesto é válido?
Não que eu esteja condenando o mérito de quem tenta se mobilizar para mudar o mundo. E concordo que sim, que muitas vezes alguns desses protestos deram resultado impedindo que injustiças fossem cometidas. E, sim, se o protesto é contra algo que está fora do meu alcance físico, é claro que a internet pode ser uma aliada. Mas e quando a razão do protesto é aqui ao lado? E quando é uma empresa que não está nem aí se eu me mobilizei pelo Facebook reclamando, sendo que ela continua ganhando seus milhões?
Para mim, há momentos e momentos. É claro que eu não teria como sair daqui do Brasil para tentar impedir a morte por apedrejamento de Sakineh, assim como a aprovação de pena de morte para homossexuais na Unganda e outros tantos temas pelo mundo. Mas será que eu não posso levantar da minha cadeira pra protestar contra o fato de ter pessoas passando fome quase na minha porta? Será que o Bullying que acontece na escola onde eu estudo ou dou aula só pode ser combatido através do cyberespaço? Será que eu não posso fazer nada pessoalmente? São muitas perguntas retóricas, eu sei, mas há quem tentará respondê-las, garantindo-me que “a união faz a força” e que “na internet todos têm vez e voz”.
Eu rio por dentro, pois é só o que posso, diante de tais afirmações, embora ache que seja quase mais fácil chorar por tanta estupidez. Nem sempre o protesto “de cadeira” será a melhor opção.
Haverá vezes em que seremos obrigados a agir, tomar a atitude em nossas mãos, ou nos arriscaremos a ser como as pessoas que acham que emagrecem ao assistir programas de dieta. Assistir é mais fácil, mas agir é melhor. Quando age você acompanha os resultados. Quando assiste, você muda o canal. Logo, é mais fácil ver a transformação acontecendo se você fizer parte dela, se estiver ali, junto. Não se você clicou em “gostei”, “retuitou” e acha que ganhou algo fazendo isso.
Mas então o cyberprotesto não é válido? Claro que sim, mas guardadas as devidas proporções. Você não alimenta crianças famintas navegando na internet. Você não tira pessoas da rua por conta de um chat e, com certeza, a vida de ninguém vai ser melhorada por que você assistiu a um vídeo no Youtube e se sentiu indignado com o que viu. Provavelmente sua indignação só vai durar até você ver um clipe de comédia ou com a música mais nova da sua banda favorita.
Como aliada, sim, como atriz principal, sem chance. A internet não pode ser a única responsável pelo seu protesto. Envolva-se mais, pense mais, tenha mais responsabilidade. Garanto que os resultados serão mais palpáveis, mesmo que pareçam menores. Pense nisso!
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