quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Será que é perda de tempo aprender sobre escrita?

(Ou melhor: até quando vale a pena?) 

Não, este não é um post caça-cliques, embora possa parecer. A minha pergunta é genuína. Estou escrevendo um livro, sempre fazendo alguma coisa diferente, o que faz o livro atrasar mais e mais e, para escrever melhor, faço cursos, vejo palestras no Youtube e vou aprendendo mais e mais sobre o ofício da escrita. E isso é ótimo, concordo. No entanto, até quando é bom aprender a escrever?
Escrever é um ofício como qualquer outro, com particularidade próprias e com níveis de dificuldade variados, dependendo de quem escreve. Há quem tenha facilidade com matemática, outros com biologia, há aqueles que aprendem línguas muito rápido, pessoas que desenham muito bem e outras que entendem bastante de história. E há pessoas com habilidade nata de escrita. Eu posso dizer, sem falsa modéstia, que me encaixo em alguns dos grupos e que escrever é algo natural para mim. Se eu tiver que escrever um conto sobre determinado assunto, é provável que tudo flua de uma maneira muito boa e que o conto fique legal de primeira. Claro que uma revisão irá melhorá-lo, como tudo na vida, mas ele já terá boas bases. Eu sou bom em usar poucas palavras, se assim for necessário. Porém, quando o campo de atuação se amplia, quando é para escrever um romance, fica um pouco mais complicado. É aí que entram os cursos, vídeos, palestras, etc. No entanto, acho que isso pode, se utilizado em excesso, atrapalhar minha escrita.
Sei que parece contraditório. Como é possível uma pessoa ter mais dificuldades de aprender à medida que aprender o ofício? Não deveria ser o contrário. Sim, deveria, mas o que acontece é que, dependendo do caminho a ser seguido, eu acabo ficando muito preso à técnica, à fórmula. Isso me deixa um pouco engessado, com a impressão de que não sou capaz de produzir um texto mais livre e que aquilo que eu produzir estará amarrado por regras e normas. E não me entendam mal, normas e regras são necessárias em qualquer profissão, incluindo a escrita, ou poderemos criar algo que não chegue ao leitor. E eu não sou um escritor que produz apenas para si mesmo. Eu quero ser lido. Tenho buscado me aperfeiçoar, mas o efeito, deixando bem claro que é muito positivo em certas partes, parece estar me prendendo em outras.
Às vezes fico pensando que meu estilo de escrita é mais como o do Stephen King, que detesta regras, não escreve sabendo o final e, ainda assim, produz textos monstruosos. Eu, muito provavelmente, sou um escritor que vai sendo levado pela inspiração e talvez o excesso de técnica esteja me amarrando. Não estou dizendo que meus textos serão todos excelentes, mas estou dizendo que eles existirão com mais facilidade do que se eu planejar muito ou estudar por muito tempo para produzi-los. Isso me leva ao segundo ponto, cuja resposta será mais rápida: até quando estudar?
Minha dúvida é genuína, prometo. A questão aqui é que, se eu estudar sempre, vou me aprimorar sempre. Eu concordo com ela. Porém, quanto mais tempo dedico aos estudos, menos será dedicado à prática. Por exemplo, se eu estivesse vendo um vídeo no Yotube sobre a escrita ou lendo um artigo neste momento, não estaria escrevendo o texto que vocês leem no computador. Se eu me dedico a aprender a escrever por muito tempo, quando terei tempo real de prática? Quando a escrita virá à vida? São questionamentos cuja resposta não tenho, eles são a base do que penso e a estrutura sobre a qual reinvento minha maneira de pensar no dia-a-dia.
Como sempre, deixo minhas dúvidas no ar. Minha intenção nunca é a de deixar uma resposta pronta, pois, se eu soubesse o que fazer, não precisaria questionar. Daria soluções. É necessário aprender melhor o ofício da escrita? Se quero ser um bom profissional, sem dúvida. É necessário dedicar tempo e esforço? Claro, pois só assim aprenderei mais. Terei bons frutos? Não tenho dúvida. Quanto de esforço e por quanto tempo é melhor me dedicar? Essa é a questão-chave e a ela eu não consigo responder. Vou deixá-la no ar, enquanto me divido entre aprender o ofício e praticá-lo. Afinal, meu livro não irá se escrever sozinho, não é mesmo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário