quarta-feira, 1 de junho de 2011

Até onde vai a criatividade?

Seguindo os posts temáticos, nesta semana estou devaneando um pouco sobre o texto.

Este texto que escrevi é sobre um homem que cria um texto e, sem saber dá origem a uma espécie de movimento de adoração. Mas, será que é tudo de propósito? Será que ele planejou para que tudo fosse daquele jeito mesmo? Que tal descobrirmos?

 
O Texto
Bruno Leandro



               
          Um homem cria um texto. Cria-o por diversão, sem pretensões. Depois, pede a seus amigos que leiam.
            – Coisa de gênio! – falam uns.
            – Maravilhoso! – dizem outros.
            – Por que você não mostra isso a uma editora? – completam mais alguns.
            Ele assim o faz. Os editores ficam impressionados, maravilhados com o texto escrito e concordam:
            – É um texto muito bom! Precisamos publicá-lo imediatamente!
             O texto é publicado o mais rápido possível. Todos ficam apaixonados, hipnotizados. A crítica vai ao delírio. A maioria das pessoas diz que o texto mudou sua vida. As filas para o autógrafo de tão genial escritor são enormes, imensas.
            Passam-se semanas, meses, um ano até. O livro sempre com alta vendagem.
            Um dia, em uma entrevista, o apresentador fala sobre o texto publicado e compara-o aos maiores nomes da atualidade e do passado. Então vem a pergunta: como teria ele pensado em tão maravilhosas palavras, capazes de inspirar milhões? Todos aqueles simbolismos, hipertextos e mensagens motivadoras... Teria ele pensado em tudo aquilo? E aquela parte, a mais importante? Fora colocada de propósito?
            O homem, agora autor, para, pensa, reflete e se lembra: ele se lembra que escrevera um texto sem nenhuma profundidade, o qual julgava muito ruim. Lembra-se de uma expressão que achava tão idiota que não deveria nunca ter sido escrita por ninguém. Lembra, enfim, que seu texto estava horrível e que quase havia rasgado antes de mostrar a seus amigos. Então ele fala algo que se torna verdade instantânea para todos:
            – Claro, eu sempre tive a intenção de colocar aquela frase no texto.
            Todos aplaudem de pé, efusivamente. O apresentador escuta, embevecido, e agradece sua presença, sorrindo para a câmera e encerrando o programa.

Um comentário:

  1. Perspicaz, caro amigo.... Adorei... é mais ou menos assim... Todos os meus textos, eu considero como ruins.. Na verdade, tenho consciência de que são imaturos....Mas nada mal escrever sobre isso...

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