terça-feira, 7 de junho de 2011

Sei que vou ser tachado de louco, mas...

Olá, pessoal! Esta semana estou trazendo um texto sobre livros e como eu adoro destruí-los. Mas, acalmem-se, por favor! Nada de chegar perto de mim com tochas, porque o papel é inflamável, ok?
Sinto que exagerei ao falar em "destruir", então vou recomeçar:
O que quero dizer é que adoro mexer nos livros, de tal forma que, de tanto que mexo, que leio, releio, eles vão se desgastando e ficam maravilhosamente acabados. Ai, ai... Você aí de trás, será que dá pra abaixar o forcado? E não, não podem acender nem uma vela, ou já esqueceram que eu falei que o papel era inflamável? Ô gente mais atrasada, viu? Em pleno século 21! Em vez de usarem lanternas...



Livros
Bruno Leandro


Quando ganho um novo livro, fico logo doido para vê-lo cheio de marcas de dedos e algumas pequenas orelhas. Não sou doido, por isso me explico:
De que adianta um livro na estante, conservado em plástico e espanado periodicamente de sua poeira? Para que uma peça imóvel, que nunca tenha sido lida e que se vai amarelando aos poucos, sem conhecer olhos? De que servem as enciclopédias que não tiram as dúvidas ou os dicionários que não ajudam os burros?
Todo conhecimento aprisionado, engaiolado, é conhecimento jogado fora, desnecessário. Todos os livros não lidos perdem seu valor. Não monetário, posto que alguns se tornam raros, porém intelectual, uma vez que nenhum os conhecerá, que ninguém saberá suas minúcias e reviravoltas, se forem de um qualquer caso que seja.
Não, meus amigos, não sou louco. Sou são em excesso. E é por isso que não posso e não admito um livro impune, imaculado. Livros assim são bons em mostras, exposições. Não precisam nem de conteúdo. Valem pela capa em si. Podem ter todas as folhas em branco que homem não os saberá. São aplaudidos pelo que parecem, não pelo que são. Mas, o que são? Nada, posto que a palavra só existe em dois momentos: um, quando é escrita, saída da cabeça de seu criador ou criadora, como criatura que ganha vida própria, pronta para se lançar ao mundo após o parto. O segundo momento é quando lida. Neste momento a palavra se transforma, muda, adapta, tornando-se aquilo que o leitor acredita que seja, de acordo com aquilo que ele viveu até o momento. Fora disso, tudo é limbo, e as palavras ficam em suspenso, existindo sem existir, como um ser sem propósito ou direção. Perdem até o ânimo que as mantém coesas e se saem do papel para um passeio não notamos, pois nem ao menos temos sua ausência para reparar.
Livro sem marcas é ausência, não de sujeira ou estrago. É ausência de vida, de cultura, de uso. Uso, que traz experiência. Como saber se um livro é bom só pela capa? Há-se que lê-lo, revirá-lo, dobrar suas páginas no ritmo da leitura, como a sinfonia de um músico dobra as notas, ou sujá-lo, não por maldade de quem não quer o livro em boas condições, mas pela avidez dos que têm pressa de adquirir tudo que puderem extrair de seu conteúdo. Afinal, não são os livros para que se lhes leiam?
Um livro se presta, se empresta, se dá, se toma, se vende, se compra, se usa, se estraga, se destrói. Isso é válido. É importante estragar um livro, seja por que se releu várias vezes, seja pelos muitos empréstimos sofridos. O que não vale é deixá-lo parado, tal e qual uma obra de arte enigmática à qual ninguém tem acesso e que, por isso mesmo, não conta.
O livro, meus amigos, não é para ser observado de longe, inacessível. O livro é, antes de tudo, para ser tocado. O livro é para ser usado, não guardado.
Poderia e posso discorrer durante muito tempo, divagando e devaneando, sobre por que os livros não devem estacionar em estantes. Mas não preciso. Os que concordam comigo, não precisaram ler este texto para concordar. Os que não concordam, nem se deram ao trabalho. Pegaram meu texto e o trancaram a sete chaves, avaros em sua necessidade de controle do que acham que vale. Para estes, meu texto está em segurança em uma capa de plástico, sendo espanado em sua poeira em um canto ou estante qualquer, sem que lhe conheçam o conteúdo. Para estes eu nada tenho a dizer, já que não lhes chegaria aos ouvidos mesmo. Mas para os outros, para os meus leitores, aqueles que ousaram compartilhar de minhas ideias e acreditar nelas, deixo o seguinte recado: acreditem, também em seus livros. Sujem-nos, amassem-nos, estraguem-nos de tantos lê-los. Seu cérebro agradecerá. E eles também, por não terem sido esquecidos em um canto qualquer, como o disse Toquinho para os cadernos, mas de quem agora empresto a sentença para os livros.
Leiam seus livros, é só o que peço.

4 comentários:

  1. Me fez repensar nos " 100" livros que estão parados na minha estante....

    ResponderExcluir
  2. Pois, é, Karoline. Eu mesmo tenho muito livros, mas estou lendo sempre que posso. É importante, não tem jeito. Já pensou deixar um livro parado e sem função?

    ResponderExcluir
  3. Livros, máximo q eu já li foram três kkkkk

    ResponderExcluir
  4. Você não é louco!bjsssssssss

    ResponderExcluir