quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Declare guerra a quem finge te amar, declare guerra...

Guerra. Sempre um assunto triste, sempre um assunto delicado, sempre um assunto em que não gostamos de pensar, mas que, queiramos, ou não, a todo momento nos é jogado na cara. Agora mesmo, enquanto digito estas linhas, e nesse outro agora em que elas são lidas por você, meu querid@ leitor(a), há guerras eclodindo ou chegando a seu ápice em algum lugar do planeta. Sabem o quanto isso é triste, saber que há pessoas se matando por motivos que supostamente sejam importantes, mas que não chegam perto de serem? Territórios, religião, política, superioridade de pensamento, raça, etc... É desanimador.
A guerra é cada vez mais um comércio, por isso ela evolui a todo momento. Chegará o dia, quiçá, que não reste mais humanidade por culpa da imbecilidade da guerra. Espero não estar aqui para ver chegar tal dia.


Apesar da introdução melancólica, não é meu objetivo fazer uma crônica de guerra, mas um conto. Espero que gostem do que eu escrevi e podem dar suas opiniões ao final.
Aproveitem!


A Guerra é Cruel
Bruno Leandro

Vejo tantos companheiros mortos, tantas perdas! São tantos, meu Deus, tantos! Tantos corpos que é quase impossível contar um a um. Enquanto passo pelo campo, posso ver as causas de suas mortes e as lágrimas vêm aos meus olhos mais uma vez: membros estourados, corpos esmagados, cabeças arrancadas... Não, não, não! É demais! Eu não consigo aguentar!
Ali! Vejo um pouco de movimento de um companheiro caído e vou até ele. Antes mesmo de chegar percebo que é tarde demais: a parte inferior de seu corpo está esmagada, uma mancha sangrenta sobre o chão.
Ouço baixos zumbidos em volta e vejo alguns poucos companheiros ainda se mexendo. Não, eles estão se contraindo. Seus corpos em espasmos me mostram a verdade de suas mortes: seus fins vieram da nova arma que meus inimigos encontraram para brincar conosco: uma imensa trama elétrica que nos prende e mata com inúmeros volts. Por que tanto ódio?
De repente, ouço um barulho estranho e me escondo. Veneno! Eles lançaram veneno no ar! Loucos! Demônios!
Eu consigo me esconder a tempo e a nuvem mortal passa sem me tocar. Nossos inimigos seguem atrás de outros e eu fico ali, tremendo. Os gritos são horríveis, horríveis! E eu não posso fazer nada! Sou um inútil!
Saio o mais rápido que posso e me escondo sempre que consigo rápido, secreto, morrendo de medo. Lutando por minha vida.
De repente, um dos inimigos aparece, de costas para mim. Enlouquecido, salto sobre ele, penetrando fundo em sua pele. Eu tiro seu sangue e fico bêbado pelo sucesso. Fujo a tempo, antes que outro deles, já com o punho em riste, consigam me atacar.
Agora é tarde e sei que não posso mais me esconder. Fujo e me esquivo, mas eles correm atrás de mim. Eles são muitos, eu sou apenas um. Eles me perseguem até me cercarem. Sou encurralado.
Viro-me para encará-los. Sei que serão eles ou eu e me preparo para o destino final. Não será sem luta!
Fujo de um. De dois. Ataco um terceiro. Mais sangue! Sinto-me invencível, mas apenas por um instante. O quarto! O quarto deles me atinge com suas mãos nuas. E eu caio.
Enquanto caio, eu olho para suas faces. Eles não têm mesmo a decência de se importar com nossas mortes. Somos menos que nada para eles! Somos insetos!
Agora sou eu, no fim da minha vida, que zumbo fracamente. As asas, inúteis, se descolam do meu corpo. Meu ferrão se pendura inútil, assim como as antenas. Duas patas ficaram nas mãos de um dos desgraçados, mas não faz diferença agora. Dentro em breve não fará diferença nenhuma.
Já vejo o pé descendo sobre mim, para completar o serviço. Ele me esmaga, e sou apenas uma mancha vermelha e negra sobre o chão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário