quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Devaneios de uma mente já idosa

Sim, às vezes eu divago, como se outra pessoa fosse e vou para um mundo que não reconheço como meu...
Neste texto, não sou eu, o Bruno Leandro, mas uma outra pessoa quem fala. Se suas palavras não possuem sempre sentido, perdoem-no. Não pela idade, mas pelo que já viveu e pela saudade dos tempos idos...


Divagações
Bruno Leandro

É um dia de verão tão quente que derrete os ossos dos animais largados na sarjeta.  O lixo apodrece nas calçadas onde os homens os haviam jogado. O cheiro do azedo se espalha pelo ar mais rápido do que qualquer um seja capaz de fugir. No meio daquilo tudo, um homem.
Não era baixo, mas não era alto. Não era bonito nem feio. Magro, não era, mas estava longe de ser gordo. Não tinha músculos, mas não se podia dizer que era fraco. Não tinha aparência de inteligente, mas não acho que fosse burro. Era, enfim, mediano. Acho que era o homem mais mediano que já se teria visto.
Não cheguei a reparar se era negro, branco, vermelho ou amarelo. Era brasileiro, isso eu sei. Caminhava apressado pela orla da praia, como se estivesse atrasado, ou como se estivesse fugindo de algo. Da polícia eu sei que não era, pois nenhum deles o parou quando passou por seu carro. Talvez fosse apenas pressa...
Aquilo me lembra de mim mesmo e começo a divagar. Lembro que eu costumava correr com aquela mesma pressa, atrasado para os encontros ou para o trabalho, nunca para os estudos. Lembro que ninguém reparava muito em mim, todos corriam como eu.  Percebo que o lixo não melhorou o cheiro nos últimos anos, nem as pessoas melhoraram sua educação. E também percebo que os animais continuam abandonados à própria sorte, uma sorte cruel que o ser humano não sabe como nem deseja mudar. E pensar que já fui como eles...
Hoje sou diferente, hoje tudo é diferente para mim. A vida muda quando você amadurece. Pena que só amadurecemos tarde demais...
É, a idade me pegou e eu agora olho para trás com saudade da minha juventude, mas sem saudade da pessoa que eu era. Aliás, me envergonho de ter sido mais um como todo mundo.
Hoje a vida passa devagar, mas tenho pressa de viver. Quero que tudo dure ao máximo, mas não corro, eu mal consigo andar direito. Maldito corpo que não acompanha meu desejo de vida! É triste saber que estou decadente apenas porque esta estrutura de carne que aprisiona meu espírito se recusa a funcionar direito. Quero ser livre! Quero correr por onde eu puder, quero pular e dançar, mas sei que tudo isso é impossível.
Queria ser aquele homem que vi há pouco, quando olhei pela janela do hospital. Queria ter sua liberdade e até sua pressa. Queria me mover como ele...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Bienal do Livro – Eu Fui! (parte 2)

Hoje, como eu prometi, vai a segunda parte do meu post sobre a Bienal. espero que gostem!

Autores
Com os gigantes G. Brasman & G. Norris.
Eu fui à Bienal com um firme propósito: autografar meu livro “Crônicas dos Senhores de Castelo”, escrito pelos talentosíssimos curitibanos Gustavo Girardi (G. Brasman - @GBrasman) e Gustavo Tezeli (G. Norris - @G_Norris). E felizmente eu consegui, mesmo que muito atrasado. Fiquei surpreso com a estatura dos rapazes (Vejam na foto que eu fiquei encolhido no meio dos dois gigantes, rs), mas não fiquei nada surpreso com a simpatia. Os dois são muito legais e tivemos uma boa conversa enquanto eles autografavam minha edição. Aliás, conversamos mais um pouco quando, algumas horas depois, nos esbarramos no stand da Record onde eu fui tentar ver alguns livros, mas desisti pelo preço e por estar muito cheio. Vou comprar meus livros online, mesmo.
Com Fábio Brust, também mais alto que eu.
Outro autor que conheci por lá e de quem acabei comprando o livro foi o gaúcho Fábio Brust - @fabiobrust, autor de “Agora Eu Morro”, lançado pela Novo Século sob o selo Novos Talentos da Literatura Brasileira. Ainda não tive tempo, mas seu livro está na fila para ser lido. O rapaz também é bastante simpático e tivemos uma ótima conversa.
Por fim, já quase no finzinho da Bienal, passei no stand da Editora Underworld - @Edit_Underworld (uma editora que vem apostando bastante em talentos nacionais), onde comprei três livros: “Os Sete Selos”, de Luíza Salazar, “Onde Habitam os Dragões”, de James Owen, e “Sete Vidas”, das escritoras gêmeas Mônica e Monique Esperandio - @gemeass, que também autografaram meu livro, tiraram fotos e me ofereceram um doce, que eu aceitei, obviamente.
Com as gêmeas, que resolveram meu complexo de altura. xD
Reencontrei com Janda Montenegro e Leandro Schulai na Underworld e aproveitei para tirar uma fotinho com eles. Afinal, não é todo dia que se pode encontrar com vários autores de uma vez, então temos que aproveitar, né?
Acho que você repararam que não falei nada da Anne Rice, não é mesmo? Bem, acontece que eu não consegui assisti ao evento dela e não levei nenhum livro seu para ser autografado, não tem muito o que dizer, além de que a vi passando de carrinho na minha frente e ela sorria bastante, então pareceu ser uma pessoa bem simpática. Ela já é uma senhora idosa e tem uma aparência de incrível dignidade, mas não tenho mais do que isso a falar.


Leandro Schulai, Janda Montenegro, Bruno Leandro, Mônica e Monique Sperandio.


Livros

Esta última parte é para falar dos livros que comprei na Bienal. Não li nenhum, ainda, mas tenho vontade de ler todos. São tantas capas lindas, tantas histórias e sinopses interessantes que eu, sinceramente, não sei nem por onde começar. Vou listar aí embaixo os livros:
- Labirinto, de Kate Mosse;
- Sepulcro, da mesma autora;
- A Breve Segunda Vida de Bree Tanner, de Stephanie Meyer;
- Divã, de Martha Medeiros;
- Destino, de Ally Condie;

Não reparem na bagunça, deu preguiça de arrumar a cama
- As Últimas Quatro Coisas, de Paul Hoffman;
- Tara Duncan, de Sophie Audouin-Mamikonian;
- O Mágico de Oz, de L. Frank Baum;
- Onde Habitam os Dragões, de James A. Owen;
- A Escrava Isaura e o Vampiro, de Bernardo Guimarães, com alterações de Jovane Nunes;
- Sete Selos, de Luiza Salazar;
- Sete Vidas, de Mônica e Monique Sperandio;
- Agora Eu Morro, de Fábio Brust;
- Coração Apaixonado, de Chelsea Cain;
- e Angelologia, de Danielle Trussoni (este último eu tenho em inglês, mas estava barato em português e não resisti).
Legal que foram 15 livros e esta foi a 15ª Bienal de Livros do Rio de Janeiro. Só notei a coincidência agora.
Acho que deu pra notar que os estilos são bem diferentes, mas prevalece o gênero fantasia, não é mesmo? Realmente, é do que mais gosto.
Bom, pessoal, acaba aqui minha série sobre a Bienal. Espero que tenham gostado e que este post estimule àqueles que, como eu,  nunca foram a um evento destes que o façam quando tiverem a oportunidade. O que eu posso dizer sobre isso? Que venham as próximas!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Bienal do Livro – Eu Fui! (parte 1)


Post muuuuito atrasado sobre a Bienal, mas a minha vida não está fácil, meu povo. Antes de mais nada, quero dizer que dividi este post em duas partes, que serão postadas hoje e amanhã, já que o texto original ficou enorme.
Bom, eu queria falar da Bienal e de como foi finalmente participar de uma (em meus 28 anos de vida, nunca havia tido a oportunidade). O que posso dizer da experiência? Muito boa!
Meu debut na Bienal aconteceu no feriado passado, dia 07/09/2011 – uma data que vou lembrar pro resto da minha vida, afinal foi algo mágico.
Começo dizendo que não participei de nenhum dos eventos, só passeei (e muito) pelos stands de livrarias e que ainda por cima fui sozinho, sem amigos ou qualquer outra companhia. Por sorte, encontrei muitos amigos e conhecidos por lá, comprei alguns poucos livros (mais de 200 reais mais pobre, mas uns 15 livros mais rico, hehehe) e pude ver que realmente amo livros. Sério, eu não sabia pra onde virar, pois eram tantas as opções que não deu pra dar conta de tudo. Mas, fazer o que, né? Daqui a dois anos tem mais e, quem sabe com alguma sorte, eu não vá já como autor?
Voltando à Bienal, devo dizer que estava cheia, lotada. Era feriado e, além disso, dia de Anne Rice. Precisa dizer mais?



A Odisseia.
Antes de contar como foi meu dia na Bienal do Livro, vou contar minha pequena odisseia pessoal para chegar lá: acordei não muito cedo, por volta de umas 9h da manhã e me arrumei, tomei banho, etc. Resumo: saí de casa umas 10h20min. Até aí, sem problemas. Afinal, eu tenho ônibus que passam aqui perto de casa e me deixam na porta do Riocentro (literalmente). Ou melhor, tinha. Descobri depois que, por causa da Parada de Sete de Setembro, o trânsito foi desviado e muitos ônibus deixaram de passar pela Presidente Vargas. Adivinhem se o meu estava no meio? Pois é, fui premiado!
Depois de duas horas no ponto, vi que algo estava mais errado do que o normal, afinal, mesmo demorando demais algumas vezes, o ônibus tinha que passar. E não passou um! Resultado: tive que ir para outro ponto de ônibus (nesta hora eu estava p* da vida, possesso e xingando até a presidenta do Brasil. O pior foi ter que pegar outro ônibus que não passava nem perto pra tentar fazer a baldeação. Sei que foi um tal de ir para a “Alvorada”, esperar um século, descobrir que tinha ônibus exclusivos em outro lugar, depois perceber que o ônibus passava em um lugar que eu já tinha ido antes... enfim, quase um pesadelo. Fui chegar à Bienal quase às 16h, faminto, sedento, deprimido e com altas tendências suicidas e homicidas. Por sorte as filas não estavam cheias e consegui comprar meu passaporte logo, o que me deixou um pouco mais calmo. A partir daí, a sorte pareceu sorrir pra mim.


A Bienal.

As instalações do Riocentro são realmente ótimas. Eu havia estado lá 8 anos atrás, mas para um evento de telecomunicações (quando eu ainda achava que seria técnico em eletrônica), nada a ver com livros, mas não lembrava mais da estrutura. E que estrutura! O Riocentro é gigantesco, tem inúmero pavilhões e chegou a sobrar espaço, já que a Bienal ocupou apenas três pavilhões (Laranja, Azul e Verde) com as livrarias e eventos e mais o Pavilhão Central, onde instalaram a Praça de Alimentação. Falando nisso, eu só fui comer alguma coisa depois de pelo menos umas três horas lá. Tudo é muito caro em relação a comida e bebida e você tem que estar preparado para ficar muito tempo em uma fila e, se for sozinho como eu, talvez tenha que ficar em pé (eu não tive, mas dei sorte). Ainda falando do Riocentro, o lugar estava um verdadeiro labirinto. Sinceramente, aquilo não era lugar para crianças. Cheguei a ver alguns irmãos se reencontrando por sorte quando um guarda encaminhava a menorzinha para o “Achados e Perdidos” (brincadeira, acho que ele a estava levando até o Balcão de Informações).
Dentro da Bienal, encontrei vários autores nacionais muito legais, alguns dos quais eu já conhecia pessoalmente, outros que conheci no dia. Entre eles, posso destacar Raphael Draccon - @raphaeldraccon, autor de “Dragões de Éter” – uma trilogia de fantasia que vai virar série e da qual gosto muito; Leandro Schulai - @schulai, autor de “Vale dos Anjos” – um livro sobre anjos, obviamente; Felipe Santos - @felipe_escritor que escreveu “O Preço da Imortalidade”; Mare Soares - @Marezinha, autora de “Chantili” – de estilo Noir e que conta uma história sobre uma cidade sem memória; Janda Montenegro - @jandamontenegro, que escreveu “Antes do 174” e a trilogia “O Incrível Mundo do Senhor da Chuva” (um livro lançado e dois ainda para sair); Eliane Raye - @Eliane_Raye, autora de “O Portal” com quem, infelizmente, não deu para conversar e também Luiz Eduardo da Matta - @lematta, autor de vários thrillers, dos quais destaco o mais atual: “O Dia Seguinte”, que trata do 11 de Setembro nos EUA. Enfim, são vários autores e todos eles verdadeiramente simpáticos, com livros muito bons e que merecem ser lidos. Encontrei ainda outros autores, mas estes vão ser especialmente destacados porque eu comprei e peguei os autógrafos deles na própria Bienal.
Em relação à Bienal em si, digo que fui a vários stands e que encontrei muitos livros que me chamaram a atenção. Se tivesse comprado todos, estaria pobre a esta hora e não conseguiria entrar em casa, então tive que ser bastante seletivo, rs. E, acreditem, mesmo sendo bastante seletivo, a lista de livros que comprei foi bem maior que a esperada, mas eu também vou destacar isso depois.
O final do evento foi mais tranquilo, graças a alguns amigos, descobri como sair de lá e onde pegar o ônibus de volta (sim, eu fui sem um plano de volta, mas era isso ou não ir). Entrei numa fila para “viajar em pé” no ônibus, mas consegui vir sentado até em casa. Acho que cheguei por volta de umas 11h da noite, tendo que acordar para ir ao estágio 6h da manhã do dia seguinte.
Mas, sim, valeu à pena.
PS: Amanhã tem a parte 2!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Vício

E aí pessoal, beleza? Aqui está tudo certinho.
O texto de hoje é uma brincadeira com os "novos vícios", os vícios da Era Contemporânea. Há, por exemplo, gente que se vicia em computadores, gente que se vicia em trabalho, gente que se vicia em celular... Bem, Marcelo, o rapaz que vai dar seu depoimento em seguida, tem um vício desse tipo.
O texto é uma mistura de comédia com crônica e algo mais. Brinquei de fazê-lo via twitter, então tive que reestruturar algumas coisas antes de liberá-lo em definitivo. Ainda assim, espero que gostem.



Depoimento de um viciado
Bruno Leandro

Então, por onde começo? Bem, meu nome é Marcelo e eu uso drogas há 120 meses, 1 semana e 3 dias. Eu não consigo me livrar da televisão.
Eu nunca tinha assistido televisão antes. Minha mãe dizia que faz mal e eu sempre confiei. Ela é guerreira, tem me apoiado muito. Infelizmente, um dia eu fui introduzido a esse mundo.
A culpa foi de um amigo, que me convidou pra ir à casa dele. Quando eu percebi, ele foi logo ligando a televisão. Eu não queria, mas não resisti. Tive que dar uma espiadinha.
Comecei com programas leves, como desenhos e alguns seriados, mas logo a coisa foi ficando pior...
Com o tempo, vieram as novelas mexicanas e os humorísticos... Cheguei até mesmo a assistir ao Ratinho e "Casos de Família".
Minha mãe passou a desconfiar, percebeu minhas notas baixas e notou que eu não saía mais do quarto. Mas eu dissimulava e fingia que estava passando por uma fase de adolescente. Deu pra segurar a barra por um tempo.
Mas acho que o pior, o pior, mesmo, foi quando conheci a Globo. Aí, sim, me afundei de vez nas drogas. Era cada programa droga, cada novela droga, cada droga de seriado que eles cortavam sem explicações, que eu finalmente desabei.
O pior foi quando colocaram um tal de "Zorra Total". Cada quadro droga, mas tão droga, que eu me amarrava, ficava na maior fissura.
Desculpem, é difícil continuar... Rezo todos os dias para que Deus me ajude, pois não quero continuar no fundo do poço... A televisão está afetando meu cérebro e já sinto a síndrome de abstinência só de ficar longe por muito tempo. Está difícil de me controlar.
Tenho medo, não sei como serão as coisas daqui pra frente, mas tenho muito medo. Se algo acontecer comigo... Mãe, te amo muito. Eu deveria ter te ouvido mais, me desculpe por ter errado tanto. – Marcelo, viciado em televisão.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Eu Quero Acreditar.

Peter Pan, Mary  Poppins e Dorothy estão certos em uma coisa: é necessário acreditar.
Por que a magia existe? Porque acreditamos nela. Por que o impossível se torna possível? Porque acreditamos nisso? E por que pode uma fada entrar pela janela de um quarto e mudar a vida de uma pessoa? Porque é possível acreditar.



Eu Quero Acreditar.
Bruno Leandro
Pensei que havia sonhado. Mas, quando acordo pela manhã, ela ainda está ali. Uma fada havia entrado pela minha janela!
Eu nunca fui de acreditar em seres fantásticos. Nem em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa ou, sequer, o Bicho Papão. Se alguém começava a me falar deles, eu imediatamente saía de perto, pois não gostava de ouvir falar dessas “bobagens”. Acho que dá pra entender o meu susto quando aquela coisinha minúscula entrou no meu quarto ontem à noite, não é mesmo?
Eu estava parado em frente à janela do quarto, olhando para as árvores do quintal, quando, de repente, algo estranho surgiu no meu limite de visão. E o que era? Isso mesmo, a fada! O mais estranho é que ela voava depressa, como se estivesse fugindo de algo. Tenho quase certeza de que, assim que aquele minúsculo ser atravessou o batente, ela falou comigo, em tom de urgência: “Feche a janela, por amor da fada-rainha!”. Eu fiquei sem palavras, mas obedeci. Enquanto fechava a janela, algo sombrio parecia dar meia-volta e retornar à escuridão. Fiquei com medo de descobrir o que era.
Pensei que não dormiria a noite toda, mas acho que estava mais cansado do que imaginava, pois acordo sem nem saber como fui parar na cama. Agora aquela coisinha minúscula está aqui na minha frente, falando comigo.
A fada me diz que é de um reino espelhado ao nosso, mas que não lá existem humanos e que tal lugar só se alcança através dos arco-íris da pós-chuva. Que lá as florestas são verdes e que o mundo também é habitado pelos mais diversos animais e seres fantásticos. Bons e maus.
Infelizmente, os seres fantásticos malignos planejaram um ataque terrível. A fada, cujo nome é Berlinda, me conta que ouviu tudo por acaso, quando fazia o trabalho de polinização das flores. Ela conta que se empolgou demais e que, quando viu, havia furado o limite de seu território. Começou a chover forte e a noite caiu depressa quando voltava para casa e, sem querer, ela acabou se perdendo. Foi quando, próximos a uma clareira, ela os viu.

domingo, 11 de setembro de 2011

September Eleven

Reflexões sobre o Onze de Setembro
Bruno Leandro
Hoje é dia 11 de setembro de 2011, uma data histórica, que relembra os 10 anos de uma tragédia americana: o dia em que dois aviões se chocaram contras as torres gêmeas do World Trade Center. É um dia triste para muitas pessoas e, infelizmente de júbilo para outras. Fico muito triste em dizer que há pessoas que eu conheço que dizem que ficaram “muito felizes” com o que aconteceu e que deram urros de alegria com a visão da tragédia. Eu só tenho a dizer que tais pessoas não têm nenhum coração.
Não me entendam mal, não morro de amores pelos Estados Unidos da América, uma nação que não sabe tratar bem sequer seus próprios cidadãos e que acha ser dona do mundo. Entendo, também, que o que aconteceu fui culpa tanto da política armamentista, quando expansionista (e imperialista) que o país desenvolve desde muito tempo. Infelizmente, o famigerado 11 de setembro foi apenas uma das possíveis consequências para o que o próprio país esteve fazendo no último século.
Para aqueles que não sabem, o próprio Estados Unidos financiou muitas guerras e se envolveu em tantas outras. Ele também se aliou a muitos ditadores e os armou, sempre na tentativa de combater o poder do socialismo e dos soviéticos (o bicho-papão estadunisense desde sempre). Só para que reflitam, o próprio ex-ditador iraquiano que foi enforcado recentemente serviu de aliado para os EUA por anos a fio, até se tornar um incômodo que teve que ser descartado. E o Afeganistão também foi armado pelo mesmo país que o invadiu recentemente, dizimando parte de sua população inocente em sua “Guerra ao Terror”. Nenhum dos dois fatos citados é parte de uma teoria da conspiração, pois ambos podem ser provados. Garanto a vocês que, se Fidel fosse capitalista, ele teria apoio dos Estados Unidos. Mas, enfim, essa é uma discussão para outra hora. Estou aqui para falar das vítima civis.
Muitas pessoas foram assassinadas naquele dia fatídico, não apenas as que estavam dentro dos prédios, mas as que estavam nos aviões desviados. E é por isso que não admito quando pessoas se vangloriam do “fracasso” do país em defendê-las. Aquelas eram pessoas inocentes, levando suas vidas adiante e que não mereciam morrer de maneira tão estúpida. Se o pensamento de algumas era racista, homofóbico, misógino, xenófobo, etc. nunca saberemos ao certo, mas não acho justo que se julgue tais pessoas pelo país em que viviam. Oras, tal tipo de pensamento é o que tem justificado por anos a fio as invasões estadunisenses (americanos somos todos nós, não somente eles) a países governados por “ditadores que precisam ser combatidos” e que seguem “religiões malignas que desrespeitam a vida”. Ou seja, sendo este o pensamento geral, o de que é maligno todo aquele que vive naquele país, podemos entrar, invadir, destruir, matar e tudo estará certo no final, pois não haverá inocentes. Tal tipo de pensamento é o que leva diariamente pobres a terem suas casas invadidas, seus corpos espancados, seus egos humilhados e suas vidas tiradas por policiais sem mandados em favelas todos os dias: por estarem à margem da sociedade (ou do mundo) essas pessoas perdem seus direitos.
Mas, voltando ao 11 de setembro, devo dizer que a data precisa ser pensada e refletida, muito pelo que foi, mas também pelas consequências que trouxe para o mundo. O mundo pós-onze de setembro é um mundo mais sombrio, mais cinza do que nunca, onde os limites são ultrapassados a todo momento. Espero sinceramente que isso não continue, pois a tendência em casos assim é que uma nova guerra mundial, entre aqueles que querem manter seus direitos e aqueles que querem tirá-los, possa vir a acontecer. Espero que não e não ouso pintar esse futuro sombrio.
Para encerrar, quero reforçar novamente: as pessoas daquela data são vítimas e como tal têm de ser lembradas, não como algozes, o que nunca foram. Se você é um dos que tanto criticaram, riram e debocharam do desespero daquelas pessoas, pense e repense: se fosse com você, com sua família, gostaria que outros ficassem felizes ao dançar sobre os túmulos de todos? Deixo aqui esta pergunta para aqueles que precisam ser lembrados do que é ser humano.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Fugindo do Reino Humano

Olá. pessoal.
O conto de hoje é bem longo e eu resolvi que dividiria, mas voltei atrás. Então, o texto é bem grande, mas espero que gostem.
Este é um de dois contos que mandei para um concurso. Infelizmente, não ganhei, mas tenho certeza de que os outros contos foram melhores. No entanto, como sei da qualidade do meu trabalho, vou postar aqui para a apreciação vocês.



Fugindo do Reino Humano
Bruno Leandro

Todos corriam desesperados, tentando, de alguma forma, salvar suas vidas. O arco-íris estava a poucos metros de distância e bastaria atravessarem-no para que estivessem a salvo. Eles tinham que conseguir!
Amara ia à frente, liderando o grupo, quando deu por falta das pequenas larvas – as fadas-filhotes que ainda não haviam ganhado suas asas. Com medo do que tivesse acontecido, ela incentivou aos outros a que seguissem em frente e pediu a dois dos duendes que a acompanhassem.
Com pressa, subiram correndo as escadas de volta para o inferno. Se não achassem as larvas antes que o arco-íris se fechasse, ficariam presos naquele mundo até após uma nova chuva. E sabe-se lá o que os humanos poderiam fazer com elas enquanto isso.
Nervosa, Amara sacou sua varinha, enquanto se esgueirava silenciosamente pelos corredores do complexo. Zig e Delf, os duendes, seguiram atrás da fada de cabelos vermelhos e asas azuis, decididos a lhe dar suporte em sua empreitada. O lugar era grande e eles precisariam tomar todo cuidado, se desejassem sobreviver e voltar a tempo.
Mesmo sabendo que não tinha culpa de nada do que ocorrera, Amara se responsabilizava por estarem todos ali, presos, naquele complexo militar. Se ela tivesse percebido a armadilha daqueles demônios antes!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Poesia de Quinta

Hoje é aniversário da minha tia Roseli, então, antes de mais nada: Parabéns, titia!
Voltando à programação normal...
Poesia em linguagem popular, esta foi feita como mais um experimento. Teve gente que não entendeu o final que eu propus.
E vocês, o que acham dele?



O Buraco
Bruno Leandro

Bate o taco
No buraco
Sobe a fumaça
Do tabaco

Que hora é essa?
Tou com pressa
Pegue o chapéu
E vamos nessa

É bilhar
Vamos jogar
Tomar cachaça
Lá no bar

Já é tarde
Faço alarde
Pancada de mulher, meu amigo,
Arde
 
É de bom-tom
Não é batom
Na camisa,
Então é bom

Dá confusão
Com minha paixão
Me atrasar,
Não posso, não.

Volta pra casa
Não se atrasa
Tua mulher
Cortou tua asa

Tic-taco
Bate o taco
Entra a bola
No buraco