O texto de hoje é uma brincadeira com os "novos vícios", os vícios da Era Contemporânea. Há, por exemplo, gente que se vicia em computadores, gente que se vicia em trabalho, gente que se vicia em celular... Bem, Marcelo, o rapaz que vai dar seu depoimento em seguida, tem um vício desse tipo.
O texto é uma mistura de comédia com crônica e algo mais. Brinquei de fazê-lo via twitter, então tive que reestruturar algumas coisas antes de liberá-lo em definitivo. Ainda assim, espero que gostem.
Depoimento de um viciado
Bruno Leandro
Então, por onde começo? Bem, meu nome é Marcelo e eu uso drogas há 120 meses, 1 semana e 3 dias. Eu não consigo me livrar da televisão.
Eu nunca tinha assistido televisão antes. Minha mãe dizia que faz mal e eu sempre confiei. Ela é guerreira, tem me apoiado muito. Infelizmente, um dia eu fui introduzido a esse mundo.
A culpa foi de um amigo, que me convidou pra ir à casa dele. Quando eu percebi, ele foi logo ligando a televisão. Eu não queria, mas não resisti. Tive que dar uma espiadinha.
Comecei com programas leves, como desenhos e alguns seriados, mas logo a coisa foi ficando pior...
Com o tempo, vieram as novelas mexicanas e os humorísticos... Cheguei até mesmo a assistir ao Ratinho e "Casos de Família".
Minha mãe passou a desconfiar, percebeu minhas notas baixas e notou que eu não saía mais do quarto. Mas eu dissimulava e fingia que estava passando por uma fase de adolescente. Deu pra segurar a barra por um tempo.
Mas acho que o pior, o pior, mesmo, foi quando conheci a Globo. Aí, sim, me afundei de vez nas drogas. Era cada programa droga, cada novela droga, cada droga de seriado que eles cortavam sem explicações, que eu finalmente desabei.
O pior foi quando colocaram um tal de "Zorra Total". Cada quadro droga, mas tão droga, que eu me amarrava, ficava na maior fissura.
Desculpem, é difícil continuar... Rezo todos os dias para que Deus me ajude, pois não quero continuar no fundo do poço... A televisão está afetando meu cérebro e já sinto a síndrome de abstinência só de ficar longe por muito tempo. Está difícil de me controlar.
Tenho medo, não sei como serão as coisas daqui pra frente, mas tenho muito medo. Se algo acontecer comigo... Mãe, te amo muito. Eu deveria ter te ouvido mais, me desculpe por ter errado tanto. – Marcelo, viciado em televisão.
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