Eu estava na dúvida se escreveria um texto para hoje, pois estou à toda na produção do meu livro. Porém, o que estou fazendo tem muito a ver com esse tema que vou abordar agora, então não tinha como escapar. Digamos que é uma união de oportunidades.
Todas as vezes em que escrevia contos curtos, crônicas e até mesmo quando fazia e desenhava histórias em quadrinhos, a história sempre fluía de uma vez. Eu dificilmente fazia um planejamento prévio. Ou seja, nada de brainstorm (tempestade cerebral), outline (uma espécie de esboço), braindump (jogar o que está na sua mente no papel, não importando o que seja; muito parecido com o brainstorm), mapas mentais ou outra preparação. Era simplesmente escrever, escrever e escrever. Então, eu resolvi escrever um livro.
O primeiro livro que eu tentei escrever não está completo até hoje, apesar de eu ter feito todo um planejamento em mapas, raças, relevos e história pregressa. Sendo um livro de fantasia, eu sabia que não poderia escapar disso e fiz todas essas coisas com o meu método de não ter método. Daí, veio o momento de desenvolver a história. Eu, é claro, comecei a fazer como fazia com meus contos. Mesmo sem planejamento, comecei a escrever. Era uma coisa meio Senhor dos Anéis e, olhando agora, acho que teria virado uma quase fanfic. O problema é que eu sou muito disperso e a escrita em si não evoluiu muito por um bom tempo.
Anos depois, já durante a faculdade, eu voltava para casa quando tive a ideia para o meu segundo livro (na verdade, o segundo que eu me propus a escrever; ideias para livros eu tenho mais do que vou escrever na vida). A ideia veio de supetão e eu me vi registrando mentalmente o que seriam as primeiras 18 páginas da história na cabeça. Quando cheguei em casa, não anotei nada, mas no dia seguinte a ideia estava lá, ainda. Toca a escrever. De novo, um bom tempo escrevendo aos poucos, sem evoluir muito.
Passado algum tempo, troquei de faculdade, fui fazer letras para ver se aprendia técnicas de escrita (sabe de nada, Jonh Snow). A faculdade era de inglês, motivo pelo qual eu aprendi os termos acima em inglês, não em português, sorry. Porém, apesar de não aprender tantas técnicas de escrita quanto eu gostaria, aprendi algumas para a preparação do texto: o brainstorm, que a essa altura eu já usava, e a outline, que nada mais é do que um esboço organizado das ideias que vão ser postas no papel. Sabe quando a professora de português dizia que a redação tinha que ter começo, meio e fim? Então, a outline é isso, a organização do começo ao fim (de forma simplificada) do que você irá escrever a seguir. Se meu texto for argumentativo, por exemplo:
. Introdução, com a declaração de sobre o que irei escrever
. Argumento a favor
. Argumento contra
. Conclusão, parafraseando a declaração inicial e sumarizando os argumentos
O texto também pode seguir o caminho:
. Introdução, com a declaração de sobre o que irei escrever
. Tópico um
. Tópico dois
. Tópico três
. Conclusão, parafraseando a declaração inicial e sumarizando os tópicos abordados
Ou seja, introdução, desenvolvimento e conclusão, não importa o texto.
Fiquei mais uns anos sem usar, escrevendo minha história um pouquinho de cada vez, fazendo cenas que não estavam perto e tentando fazer meu livro chegar a essas cenas e tudo fazer sentido… Confesso que a experiência não foi boa.
Vejam bem, o problema não foi escrever sem a outline, mas escrever de forma espaçada e ficar dando voltas no enredo. Isso mais me atrapalhou do que ajudou. Sendo uma pessoa dispersa, eu não conseguia progredir muito e gerei tantos arquivos diferentes no meu computador e fora dele, que daria para escrever uma série, já que não caberia tudo em um livro só. Porém, eu ainda não tinha um livro pronto.
Recentemente, comecei a usar a outline, brincando um pouco com as estruturas que aprendi em cursos presenciais ou pela internet. Entre elas, a clássica três atos, quatro atos, jornada do herói, leapfrog (pulo da rã), círculo de história Navajo… enfim, muitas formas de contar uma história ou de estruturá-la, como no método snowflake (bola-de-neve), dando um passo adiante e dois atrás, sempre reescrevendo e voltando, reescrevendo e voltando. Em comum? A outline, ou o esboço. Seja qual for a história, sempre há uma outline por trás.
Agora, é claro que existem grandes autores que não estruturam. George R. R. Martin não o faz e Stephen King diz que se recusa a saber o final de sua história antes de começar a escrevê-la. E há aqueles que só trabalham bem se houver uma estrutura bem montada, como é o caso do Edgar Allan Poe. Eu não sou um grande autor (ainda), mas considero que estou em algum lugar no meio, quando falamos do uso de métodos. Para contos, não tem jeito, eu fecho os olhos e quase psicografo o que estou escrevendo. Para histórias maiores? Estou no processo de usar um esboço prévio, nos meus termos, um pouco estruturando, um pouco escrevendo o que me vem à cabeça, método que achei ser o melhor para mim. O que, acho que meio que responde minha pergunta inicial.
Devo ou não usar outline ao escrever? Não vou negar que tenho tido frutos mais rápidos e acho que a decisão e o progresso têm acontecido melhor desde que comecei a estruturar. É claro que eu sou meio escritor de conto-de-fadas, então eu “conto meu conto” antes e depois tiro uma outline disso, mas é o método que me atende. Então, acho que a resposta é: depende, sempre depende. Há vezes em que a outline vai funcionar melhor de cara. Outras? Precisarei fazer um trabalho prévio antes. Quando terei que enfrentar uma ou outra situação? Acho que só devo descobrir na hora.
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