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Escrevendo meu primeiro romance fantástico

Este meu espaço aqui no blog novo e todos que os leem têm uma ideia de que estou escrevendo um livro. É um livro de fantasia, que pretendo ser algo juvenil, talvez para jovens-adultos. Gosto da ideia de escrever para um público variado, mas o livro é longo e sei que não será para crianças pequenas mais por conta do tamanho. Não é um Senhor dos Anéis, nem As Crônicas de Gelo e Fogo, mas não é um livro pequeno. O esboço do primeiro rascunho já foi, mas quero fazer um rascunho mais organizado (um segundo rascunho, por assim dizer) e, a partir daí, começar a trabalhar as pontas soltas do livro, fazer os cortes necessários e começar a chamar de livro, mesmo.
Eu comecei esse livro há muitos anos, mas a vida entrou na frente e tive que escrevê-lo aos poucos. Não sei se isso é ruim ou bom, acredito que um pouco de cada, pois fui me profissionalizando com o tempo e as ideias para o universo do livro floresceram bem mais do que se eu ainda fosse aquele garoto que começou a escrever uma história para a qual não sabia o final. Anos se passaram e hoje tenho o final e, mais do que isso, tenho ideias para muitas histórias se passando nesse universo, além de em outros, é claro. O mundo que criei ganhou uma solidez maior, minhas técnicas narrativas foram sendo polidas eu aprendi a ser um escritor melhor, menos afobado.
É claro que perdi algo no caminho. A história que eu contaria quando mais novo está longe de ser a história que o escritor que sou hoje é capaz de contar. O Bruno Leandro de ontem faria uma história que teria muitos aspectos diferentes da que o Bruno Leandro de hoje escreveria. Afinal, eu estou alguns anos mais experiente e não penso do mesmo jeito de outrora. Acredito que, caso eu tivesse terminado a história na época em que a comecei, os rumos dos personagens seriam outros. Se isso é bom ou ruim? Eu diria que é diferente.
Eu acredito que diria essas mesmas coisas fosse meu romance de ficção-científica, cotidiano, histórico ou de qualquer outro estilo. Por acaso, sou apaixonado por fantasia e, talvez por isso, o primeiro romance pertença a essa categoria. O gostoso é saber que, na fantasia, os desafios são outros.
Ao escrever fantasia, eu crio meu mundo e imerjo (soa estranho, mas existe) nele. Ao escrever fantasia, eu me vejo conversando com fadas, cavalgando em mulas-sem-cabeça, colocando pó de cachimbo nas mãos do saci, afiando a espada de uma guerreira e soprando magias para o vento, que levará meus comandos até um céu multicolorido em um mundo que não existe fora das páginas tecidas por minhas palavras. Quando escrevo fantasia, me sinto um artesão de realidades cuidadosamente construídas, um arquiteto de um mundo de sonhos, que precisa ser sonhado junto por meus leitores, ou poderá ruir a qualquer ínfimo momento. Eu danço nos ponteiros do tempo e faço cambalhotas na ponta do alfinete que segura uma dimensão à outra. Eu crio, e isso me basta. Eu realizo sonhos. Por isso é tão importante estar escrevendo esse meu primeiro romance fantástico (é um processo contínuo, não pude fugir do gerúndio).
A fantasia, como eu vejo, é algo muito importante, capaz de nos tirar um pouco do mundo onde vivemos e cansamos, enquanto nos ajuda a lidar com ele e nos ensina como vencer nossos problemas ao transpô-los para personagens que podem ou não se parecer conosco. Quando bem executada, ela nos ajuda a ver o mundo com outros olhos. E esse é mais um dos motivos pelos quais estou escrevendo.
Como disse antes, não será um livro pequeno, embora eu não queira que fique grande demais. Sei que temos certas regras e limites até mesmo de palavras a obedecer e sou um escritor ainda desconhecido, então pretendo me ater a esses limites, pois quero ser lido e publicado. Mas vou me ater dando o meu melhor e buscando concisão, não apenas fazendo cortes porque “tem que caber”. Se fizer assim, a história pode ficar ruim, tudo o que não quero. A intenção é escrever uma boa história, a melhor que eu puder, e ser publicado. Preciso obedecer a um limite de palavras? E por que não?
Voltando à escrita, está sendo um grande aprendizado. Um romance fantástico em que o mundo é diferente do nosso é algo muito especial — e difícil — de ser executado. É necessário ficar atento a detalhes que talvez nem sequer entrem no livro, como a religião seguida, a política, a arquitetura e decoração, a história pregressa, as divisões territoriais… Fora o fato de que a política e religião de um lugar dificilmente serão as mesmas de outro. E as línguas, os costumes, a tradição, a cultura? Como os habitantes se vestem? Há magia? Como ela é feita? — Essas são apenas algumas das muitas perguntas a que precisamos responder ao criarmos um mundo de fantasia que não reflita o nosso. Fato é, que nunca criamos nada do éter, nossas bases são no mundo real, mas podemos distorcê-las a nosso bel-prazer. Afinal, se não for assim, qual o propósito da fantasia?
Seja qual for o propósito da fantasia, estou empolgado e sei que o caminho está cada vez se acertando mais. A história está fazendo sentido e o universo está cada vez mais coeso e coerente, mesmo a parte que não aparece na história. Acho que será um livro interessante e divertido, não só para mim, mas para os leitores também. Como eu disse antes, estou escrevendo para ser lido, então espero que aqueles que me leiam se divirtam no processo. Afinal, é para isso que que estou criando uma história fantástica.

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